Dia Nacional do Samba
Publicado: 02/12/2020 - 19:34
Última modificação: 09/12/2020 - 13:58
Símbolo da cultura negra, o Samba, sofreu fortes perseguições por parte de agentes do Estado. Mas a tentativa de marginalização desse traço de nossa brasilidade não foi suficiente para que caísse no esquecimento. Ao contrário, o ritmo se consolidou como uma das principais expressões culturais do País.
De acordo com o pesquisador Marco Alvito, em referência à história da palavra samba, “uma das possíveis origens seria a etnia quioco, na qual samba significa cabriolar, brincar, divertir-se como cabrito. Há quem diga que vem do banto semba, como o significado de umbigo ou coração. Parecia aplicar-se a danças nupciais de Angola caracterizadas pela umbigada, em uma espécie de ritual de fertilidade”.
Com raízes na ancestralidade e matrizes culturais africanas no Brasil, o samba tem sua origem nos batuques que, além da música, eram também uma espécie de comunicação ritual e religiosa. Em meados do século XIX, os batuques começam a se misturar com outros ritmos famosos à época e, aos poucos, foram se delineando os aspectos do samba.
Na virada do século XIX para o século XX, o samba já estava presente em diversos estados como Bahia, Minas Gerais, e foi se firmando como gênero musical dominante em subúrbios e morros do Rio de Janeiro. Em 27 de novembro de 1916, o sambista Donga, registrou a música “Pelo telefone”, conhecida como o primeiro samba registrado em gravadoras. A partir da década de 1930, o samba já se torna gênero musical nacional.
Em 1962, importantes artistas e personalidades ligados ao Samba decidiram realizar o I Congresso Nacional do Samba no Estado do Rio de Janeiro, ocorrido entre 28 de novembro e 2 de dezembro. Durante o evento foi aprovada a Carta do Samba, documento redigido pelo escritor, etnólogo e militante Edison Carneiro.
E apesar de oficializado posteriormente, o Dia Nacional do Samba foi criado no encerramento do Congresso Nacional do Samba, no dia 02 de dezembro de 1962.
Abaixo reproduzimos dois trechos da carta:
"O samba tem seu embrião no continente africano e veio na alma dos negros, para cá trazidos como escravos. Foi dos lamentos das senzalas que o samba foi tomando forma e foi se enraizando por todo o Brasil."
“Esta carta que tive a incumbência de redigir representa um esforço por coordenar medidas práticas e de fácil execução para preservar as características tradicionais do samba sem, entretanto, lhe negar ou tirar espontaneidade e perspectivas de progresso. [O Congresso do Samba] valeu por uma tomada de consciência: aceitamos a evolução normal do samba como expressão das alegrias e das tristezas populares; desejamos criar condições para que essa evolução se processe com naturalidade, como reflexo real da nossa vida e dos nossos costumes; mas também reconhecemos os perigos que cercam essa evolução, tentando encontrar modos e maneiras que neutralizá-los. Não vibrou por um momento sequer a nota saudosista.Tivemos em mente assegurar ao samba o direito de continuidade como expressão legítima dos sentimentos da nossa gente.”
Fonte: Centro de Documentação e Memória da UNESP (CEDEM/UNESP)
Referência acadêmica: ALVITO, Marcos. Samba. In: Revista de história da Biblioteca Nacional. Ano 9. nº 97. Outubro, 2013. p 80.
Para conferir o documento na íntegra clique no link abaixo ou faça o download gratuitamente ao final desta página da Edição comemorativa dos 50 anos da Carta do Samba, redigida pelo pesquisador Edison Carneiro à época em que dirigia a Campanha de Defesa do Folclore Brasileira (atual CNFCP). No documento foram agregadas as vozes dos grandes expoentes do samba participantes do I Congresso Nacional do Samba, organizado pela Campanha.
Acesse: http://www.cnfcp.gov.br/arquivos/file/carta%20do%20samba_web.pdf
Anexo | Tamanho |
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carta_do_samba_web.pdf | 2.39 MB |