Num contexto em que a difusão do significado da tranças afro é resultado do trabalho do movimento negro de combate ao racismo de todas as ordens, em todas as esferas, consequentemente esse trabalho também diz respeito sobre quebrar o estigma das tranças afro, que são usadas por gerações muito antigas à nossa, quando o cabelo possuía um forte significado social para os povos africanos, o que foi perpetuado pelos negros escravizados no Brasil. 

O que vem acontecendo nos últimos anos é a valorização desses significados, o resgate como forma de pertencimento, reconhecimento, homenagem aos nossos antepassados. Outro critério levou em conta que a população negra, após a abolição da escravatura no Brasil, não foi incluída social e economicamente, o afroempreendedorismo surge para isso: incluir, nomear, pensar projetos de acesso e estruturas de trabalho para a população negra, especialmente, as mulheres negras.

O Projeto de Lei Ordinária N° 01785/2020, foi criado no dia 20/11/2020, com a proposta de instituir no Calendário Oficial do Município de Uberlândia o Dia da Profissão de Trancista, se inserindo na defesa de que, em 2009, a profissão passou a ser reconhecida pelo Ministério do Trabalho, portanto abrindo novas perspectivas à carreira desses profissionais e, para o consumidor, a garantia de cabeleireiros bem formados, treinados e capacitados.

Em 11 de janeiro de 2021, a Lei N° 13.461 foi aprovada na Câmara Municipal de Uberlândia, instituindo o “DIA DA PROFISSÃO DE TRANCISTA”, em homenagem a todos esses profissionais, pois trançar o cabelo é mais do que uma expressão estética, é herança de uma história de resistência e ancestralidade, passada principalmente, entre mulheres, geração após geração. 

Em 2022, a Diretoria de Estudos e Pesquisas Afrorraciais da Universidade Federal de Uberlândia promoveu o Ciclo de Estudos "Ciências e Tranças: identidade de trabalho, raça e gênero", iniciativa baseada na necessidade da difusão do significado das tranças afro, resultado da crescente valorização da estética negra, e fortalecimento do afroempreendedorismo que surge para incluir, nomear e criar projetos de acesso e estruturas de trabalho para a população negra. 

Conduzindo essas atividades, recebemos a Profa. Luane Bento dos Santos, doutora em Ciências Sociais na PUC-RJ e consultora educacional, pesquisadora e com notório conhecimento em relações étnicorraciais, na etnomatemática das tranças afro e ancestralidade no mercado de trabalho das trancistas, que segundo ela, Uberlândia é a primeira cidade brasileira a instituir o Dia do Trancista como data comemorativa no calendário oficial do município. 

Fonte: Portal do Cidadão da Câmara Municipal de Uberlândia; Portal Gelédes e Portal Cultura Preta